11 maio 2007

Clones das descrições do orkut


Deparei hoje com uma das histórias mais fantásticas da WEB, a história de Alex Castro e o "roubo" de seu perfil do Orkut... Me fez pensar em Luther Blisset.

Faz anos, na Itália, um grupo de artistas resolveu questionar o conceito de arte comercial, aquela que você paga milhares de dolares por um quadro devido a assinatura do Picasso, ou do Monet, ou mesmo do Hitler, criando um personagem, o Sr. Luther Blisset.

Na mercado de arte, o que vale é a assinatura do artista, muito mais que a obra, e Picasso já sabia disso quando fazia um rapisco, assinava o guardanapo, e entregava isso ao dono do restaurante que ficava exultante com a obra do mestre agora em suas mãos.

Bem, LuTher era uma resposta a esse fenômeno, onde qualquer um pode assumir esta personalidade e assinar como ele... assim, se você escreveu um livro, um artigo, pintou um quadro, pichou um muro, escreve num blog.. você pode assinar Luther Blisset, pois você é L.B. Isso acaba com o artista comercial, e teria sido genial se não soubessemos quem inventou o projeto (pois o grupo acabou sendo promovido e tendo seu nome reconhecido)

Luther diz que o nome não importa... Alex diz que o que não importa é o conteúdo!

No caso do Alex, o que aconteceu poderia ser apenas um plágio, em que 800 pessoas apanharam a descrição do perfil dele e usaram sem tirar nem por para compor o próprio perfil... mas eu acredito que seja mais que isso.. é a massificação mesmo, é a falta de identidade, é o efeito "Pin" em que você precisa colar um rótulo, uma marca, porque você é tão vazio que não faz sentido sem que a Nike diga o que você é...

Ahhh o "clube da luta" era apenas um filme, mas "His name is Robert Paulsen" diz mais sobre isso do que muitos textos.

Ironia sublime, as pessoas clonam um texto sobre originalidade e diferenciação... o que pretendem? Quando alguém faz isso, clona a própria descrição, mostra-se completamente desapegado a tudo, evidencia que não existe, torna-se iluminado, transforma-se num não SER.

Não sei se os invejo por atingirem um estado tão sublime de desapego, ou se os odeio por negarem completamente a responsabilidade de estar vivo.

Um comentário:

Anônimo disse...

onde vc viu esses 800?