Carlos Lavieri - Textos
Todo homem é mortal. Maria não é homem. Maria é imortal?
22 fevereiro 2022
Qual a idade certa para alfabetizar a criança? - Texto para a Schooladvisor
A maior parte dos pais, e até dos educadores, ignora a complexidade do processo de alfabetização. Ele é um processo longo e as respostas simples, em geral são enganadoras. Uma resposta simples? A alfabetização deve ser iniciada aos 6 anos e estar completa até os 8 anos. Há literatura mostrando que o resultado acadêmico “médio” piora quando as crianças não estão alfabetizadas até os 8 anos. Isso provavelmente se relaciona com o fato que a maior parte da experiência acadêmica será intermediada pela leitura a partir dessa idade. Parece fácil entender que crianças alfabetizadas e letradas (o letramento é o domínio da linguagem escrita aplicada na sociedade) terão melhor desempenho acadêmico dos nove anos em diante, do que crianças que até essa idade, não são capazes de entender uma receita de bolo ou um artigo simples do livro escolar.
Por outro lado, não há evidências de que começar antes dos 6 anos traga alguma vantagem. Há inclusive suspeitas que pressionar uma criança que ainda não está pronta para a alfabetização, pode gerar um desempenho acadêmico ruim inclusive no longo prazo. Quando visitei escolas em Londres, tomei conhecimento desse debate. Lilian Katz, pesquisadora americana, sugeriu que o fato que meninos na média terem um desempenho acadêmico pior que as meninas, está relacionado com uma menor habilidade manual motora aos 5 anos, e quanto mais pressão uma sociedade faz sobre as crianças para ler e escrever cedo, enquanto ainda não tem maturidade para isso, maior o risco desta criança passar a se enxergar como inepta para a escola. Na “média” os meninos acabariam sendo vítimas mais frequentes dessa imaturidade e inclusive, vendo como uma “característica típica de menina” ter sucesso na escola. A discussão é complexa, porque passa também pela forma como a sociedade e os professores diferem no tratamento dos gêneros na escola.
Existe um processo de maturação neurológico nas crianças, e ele não ocorre simultaneamente e de maneira idêntica em todas as crianças. Ainda assim, vamos insistir que ANTES NÃO É MELHOR, sendo profundamente individual o DESPERTAR dos mecanismos necessários à leitura. A alfabetização é um processo que começa pela capacidade fonológica de discernir os sons e esse processo se inicia muito antes de qualquer tentativa sistematizada de alfabetizar. Bebês começam a formar as sinapses envolvidas na percepção dos fonemas ANTES DO NASCIMENTO. Assim, a “alfabetização” não se limita ao processo formal apresentado pela escola. Ao afirmar que a alfabetização escolar deve se iniciar aos seis anos, o que na verdade estamos dizendo é que AOS SEIS ANOS, A IMENSA MAIORIA DAS CRIANÇAS ESTARÁ “NEUROLOGICAMENTE MADURA” para iniciar o processo de alfabetização. São capazes, do ponto de vista motor e cognitivo, de ler e escrever. Esse é um longo caminho, até os adultos tem a capacidade de aprender novas regras gramaticais. Quem sabe o que é “vc” ou “blz”, entende o que estou dizendo.
Para entender mais um elemento dessa história, vamos considerar que as crianças orientais, para aprender a imensa quantidade de ideogramas e logogramas que compõe esse tipo de escrita, começam os quatro anos, a ter contato com esses símbolos. Isso é claro não quer dizer que elas estejam alfabetizadas. Também no Brasil, muitas escolas e famílias começam a introduzir os símbolos das letras e números aos quatro, cinco anos. A criança descobre a letra “A” ou a letra “D” que compõe seu nome, mas essa pequena peça, é apenas isso, uma pista no longo processo. Uma criança pode facilmente aprender a ler pronunciando “raiz de 9”, mas certamente, isso não implica que entenda o que o símbolo significa.
Finalmente, um terceiro componente do processo de alfabetização, é evidenciado atualmente nas escolas bilíngues. Ler é o processo de traduzir símbolos escritos em fonemas, pronunciá-los em sequência e compreender que esse procedimento gera palavras, iguais aquelas que usamos ao falar. Ao unir essas palavras, temos significado. Ao longo do tempo, o cérebro se tornará preparado para realizar essa tarefa envolvendo outras áreas, como a memória visual, e assim, será capaz de autocompletar palavras ou perceber erros de grafia. Como apontado pelo neurocientista Stanislas Dehaene, a mágica dessa compreensão ocorre apenas uma vez. Uma criança alfabetizada em português, não precisa vivenciar todo o processo de alfabetização em inglês (apesar da diferença de fonemas e significados). Na verdade, após dominar o processo em uma língua, poderá usar a ferramenta para melhor aprender a outra.
Tendo considerado tudo isso, como ficamos? A resposta simples continua. Aquela alfabetização sistemática da escola, para todas as crianças, começa aos seis anos. Só isso? Não. As famílias podem auxiliar nesse processo de muitas formas. Desde muito cedo, conversando com as crianças, usando palavras claras e mostrando o rosto ao falar. Exatamente por isso, as telas não são bons substitutos e apesar da hipnose que despertam em crianças pequenas, já se sabe que mais atrapalham do que ajudam. Pior ainda que os pais atualmente tendem a ficar na tela e conversar menos com os filhos. Após uma pandemia e ainda com a maior parte das bocas cobertas por máscaras, é essencial ficar atento aos possíveis problemas de fala que podem estar ocorrendo com as crianças e buscar um profissional se necessário. Uma criança que não tem consciência fonológica, e confunde o p com o b ao falar, poderá também ter trocas na hora de escrever.
Além disso, ensinar as crianças que símbolos existem e tem significados pode ajudar, mas cuidado com a pressão desnecessária. Ler livros é uma excelente ferramenta, pois além de ampliar vocabulário, cria uma relação de prazer com a leitura e evidencia que há um mundo maravilhoso por trás dos rabiscos. Finalmente, ter consciência desses processos e de alguns riscos que existem em forçar a leitura precoce, deveria libertar as famílias da pressão para que os filhos estejam entre os primeiros a ler ou escrever. Entendo que sejamos apaixonados por nossos filhos e assim naturalmente os comparemos com outras crianças esperando destaque do pequeno em todas as áreas. Felizmente cada criança é única, tem tempos diferentes, vidas, sonhos e potenciais diferentes. Respeitá-las é permitir que cada uma explore esses aspectos, em seu tempo.
Artigo enviado por Carlos Lavieri da Peak School by Colégio Itatiaia
01 dezembro 2021
Volte aos hábitos saudáveis.
Diabetes tipo 2, cresceu 16% no mundo em 2020. A doença matou em 2021, mais do que o Covid (desde que ele surgiu). Esta associada a falta de exercìcios e alimentação errada.
"Ficar em casa" gerou alguns habitos que precisamos abandonar. Saia do netflix, e volte aos exercícios, as caminhadas. Coma menos ifood.
Nem tudo é um ataque a sua pessoa.
Fique em paz. Muitas vezes as pessoas são desagradáveis, porque a vida delas anda péssima. Basicamente somos autocentrados. Estamos preocupados com nossos umbigos quando somos grossos, e os outros com os umbigos deles, quando recebem a grosseria.
Como interpretamos o que é passado também diz muito mais sobre nós do que sobre quem agiu.
O outro age mediante suas próprias referências e nós aob as nossas.
É muito libertador saber isso.
Eu sempre digo: podia ser pior! Podia ser eu essa pessoa amarga e burra! Mas não! Meu mundo volta ao seu normal quando ela sai da minha frente. Já essa pessoa tem de aguentar este inferno que ela engendra em todos os lugares onde ela vai - inclusive quando está sozinha.
Uma praga.
A proposta PEAK SCHOOL do Colégio Itatiaia.
A PEAK SCHOOL - peakschool.com.br está funcionando com a nova proposta do ensino fundamental. Mais detalhes aqui em breve.
11 junho 2020
ISOLAMENTO
Isolamento.
Isolar, do latim insula, tornar uma ilha. Como se já não fossemos? Algum
homem não é uma ilha? Todo homem é uma ilha.
“Nenhum homem é uma ilha, todo em si; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”
“Nenhum homem é uma ilha, todo em si; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”
John Donne escreveu acamado, cercado de mais uma das muitas ondas da Peste Negra que assolaram a Europa desde 300 anos antes. E nós aqui preocupados com a segunda onda! Ele riria de nós? Fala, confirmo na Wikipedia, dos sinos que tocavam a cada novo funeral. Sino que se perdeu, diante da obsessão dos números. 418.919 até esse dia 11. Alguém realmente liga? Somos 7,790,547,028, mas já somos 7,790,547,033, segundos depois. Quem ainda se sente parte de um continente, diante da nossa desumanização? Estou aqui de novo, pessoa cercada de pandemia por todos os lados, todo em mim.
Minha
ilha ainda guarda algum tesouro? Surge no recesso, a oportunidade de assistir
um programa na Netflix sobre piratas. Parece que não era hábito enterrar
tesouros em ilhas desertas, sendo preferível gastá-los em outras ilhas, onde a
solidão é ainda mais real, mas na companhia de moças e garrafas de rum. Ainda
assim, nunca se sabe. Talvez ainda tenhamos tesouros guardados nas nossas
pequenas ilhas. Tenho saudades do velho normal, quando faltava tempo para
vasculhar a busca de ouro e podíamos culpar o cotidiano por não o encontrar.
Agora o cotidiano resume-se a preparar refeições, ajudar nas lições on line
e pouca introspecção. O tempo das buscas interiores, gastamos debatendo números
do COVID ou no Netflix. Aprende-se sempre algo sobre os piratas.
30 setembro 2019
Primavera x
Vc sabe o que é a primavera x?
Até onde pude apurar, foi enviado um pedido de socorro ao espaço, e uma mensagem foi recebida na terra em resposta. Um grupo está se organizando na agência secreta, mas diversas pessoas já estão recebendo o chamado para transformar o mundo.Os escolhidos estão sendo ativados.
https://primaverax.org.br - O mundo pediu socorro e os escolhidos já estão em movimento com a primavera x. .
Até onde pude apurar, foi enviado um pedido de socorro ao espaço, e uma mensagem foi recebida na terra em resposta. Um grupo está se organizando na agência secreta, mas diversas pessoas já estão recebendo o chamado para transformar o mundo.Os escolhidos estão sendo ativados.
https://primaverax.org.br - O mundo pediu socorro e os escolhidos já estão em movimento com a primavera x. .
24 dezembro 2015
Groundhog Year - Meus votos aos coxinhas e mortadelas.
E 2016?
Nunca fiz uma lista dos 10 melhores filmes, mas se fizesse, certamente o Feitiço do Tempo (Groundhog Day) figuraria na lista. Comédia romântica pouco pretensiosa, com o desagradável Bill Murray, fazendo o papel de um também desagradável Phil Connors, um homem preso no tempo, condenado a reviver o mesmo também muito desagradável dia. O filme, do qual pouco se espera, coloca a partir de uma historinha ingênua, algumas das mais interessantes questões filosóficas que há. Se você não assistiu, assista.
2015 foi um ano estranho. Como país, como sociedade, pouco se fez e regredimos em vários aspectos. Felizmente 2016 está ai, mas apesar das esperanças de muitos, parece que será um repeteco de 2015. Dilma continuará, Cunha continuará, Renan continuará, o plano para enfrentar a crise econômica é o mesmo de 2015, a CPMF continua espreitando, as projeções são de queda em PIB e desemprego, e a Lava Jato continuará tornando ar o que era sólido, o clima de beligerância entre mortadelas e coxinhas mantem-se, os debates vão cada vez mais rasos,... as esperanças "liberais" apostam num incerto impeachment que chacolhe o tabuleiro, mas sabem que a cura não será rápida, nem indolor e se não forem ingênuos sabem também que há muita coisa errada que não vai acabar com a troca da presidente. Mesmo os eleitores Dilmistas que não querem que ela saia, pois temem uma troca para pior, não se mostram esperançosos com grandes melhoras vindas do governo em que votaram, mostrando apenas um silencioso pasmo com o futuro. Parecemos condenados a reviver o mesmo ano novamente, não apenas em 2016, mas pelos próximos três anos, até que outras eleições apareçam.
E é ai que eu penso em Phil Connors.
..
Se estamos presos em 2015, condenados a reviver o inferno, façamos como Phil Connors. Se nada muda ao nosso redor, somos nós que temos de mudar, e é em nós que deve ocorrer a transformação que nos libertará dessa situação tragicômica. Em 2016 eu tenho apenas um desejo. Desejo que as pessoas ao meu redor se perguntem como fazer diferente e façam. Sugiro a todos que escolham algumas causas e as defendam. Que organizem comboios para ajudar o pessoal do Vale do Rio Doce, que no final de semana plantem árvores nas ruas, que façam hortas comunitárias, que peçam melhores direitos aos animais ou caso achem essas bandeiras "coisa de esquerda vegetariana", que convidem velhos amigos perdidos para um churrasco e participem de grupos de vigilância sobre as contas dos governos. Se são capitalistas puros que acreditam apenas na força do capital, que façam sua doação para ONGs e voluntariem-se para ministrar aulas de empreendedorismo. Sugiro que olhem para as pessoas ao redor e vejam que estas também compartilham preocupações parecidas com as suas, mesmo que as vezes tenham opiniões muito diferente.
Da minha parte, desejo pouco de 2016 e muito dos que estão a minha volta. Convido a todos a me ajudar a fazer um mundo melhor nesse 2016. Um feliz natal para nós e o 2016 que realizaremos.
Nunca fiz uma lista dos 10 melhores filmes, mas se fizesse, certamente o Feitiço do Tempo (Groundhog Day) figuraria na lista. Comédia romântica pouco pretensiosa, com o desagradável Bill Murray, fazendo o papel de um também desagradável Phil Connors, um homem preso no tempo, condenado a reviver o mesmo também muito desagradável dia. O filme, do qual pouco se espera, coloca a partir de uma historinha ingênua, algumas das mais interessantes questões filosóficas que há. Se você não assistiu, assista.
2015 foi um ano estranho. Como país, como sociedade, pouco se fez e regredimos em vários aspectos. Felizmente 2016 está ai, mas apesar das esperanças de muitos, parece que será um repeteco de 2015. Dilma continuará, Cunha continuará, Renan continuará, o plano para enfrentar a crise econômica é o mesmo de 2015, a CPMF continua espreitando, as projeções são de queda em PIB e desemprego, e a Lava Jato continuará tornando ar o que era sólido, o clima de beligerância entre mortadelas e coxinhas mantem-se, os debates vão cada vez mais rasos,... as esperanças "liberais" apostam num incerto impeachment que chacolhe o tabuleiro, mas sabem que a cura não será rápida, nem indolor e se não forem ingênuos sabem também que há muita coisa errada que não vai acabar com a troca da presidente. Mesmo os eleitores Dilmistas que não querem que ela saia, pois temem uma troca para pior, não se mostram esperançosos com grandes melhoras vindas do governo em que votaram, mostrando apenas um silencioso pasmo com o futuro. Parecemos condenados a reviver o mesmo ano novamente, não apenas em 2016, mas pelos próximos três anos, até que outras eleições apareçam.
E é ai que eu penso em Phil Connors.
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Se estamos presos em 2015, condenados a reviver o inferno, façamos como Phil Connors. Se nada muda ao nosso redor, somos nós que temos de mudar, e é em nós que deve ocorrer a transformação que nos libertará dessa situação tragicômica. Em 2016 eu tenho apenas um desejo. Desejo que as pessoas ao meu redor se perguntem como fazer diferente e façam. Sugiro a todos que escolham algumas causas e as defendam. Que organizem comboios para ajudar o pessoal do Vale do Rio Doce, que no final de semana plantem árvores nas ruas, que façam hortas comunitárias, que peçam melhores direitos aos animais ou caso achem essas bandeiras "coisa de esquerda vegetariana", que convidem velhos amigos perdidos para um churrasco e participem de grupos de vigilância sobre as contas dos governos. Se são capitalistas puros que acreditam apenas na força do capital, que façam sua doação para ONGs e voluntariem-se para ministrar aulas de empreendedorismo. Sugiro que olhem para as pessoas ao redor e vejam que estas também compartilham preocupações parecidas com as suas, mesmo que as vezes tenham opiniões muito diferente.
Da minha parte, desejo pouco de 2016 e muito dos que estão a minha volta. Convido a todos a me ajudar a fazer um mundo melhor nesse 2016. Um feliz natal para nós e o 2016 que realizaremos.
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