26 abril 2007

Drummond, Salomão e a Criança



Eclesiastes, 1
1.Palavras do Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém.
2. Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade.
3. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?
4. Uma geração passa, outra vem; mas a terra sempre subsiste.
5. O sol se levanta, o sol se põe; apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida, se levanta de novo.
6. O vento vai em direção ao sul, vai em direção ao norte, volteia e gira nos mesmos circuitos.
7. Todos os rios se dirigem para o mar, e o mar não transborda. Em direção ao mar, para onde correm os rios, eles continuam a correr.
8. Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se sacia de ouvir.
9. O que foi é o que será: o que acontece é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do sol.
10. Se é encontrada alguma coisa da qual se diz: Veja: isto é novo, ela já existia nos tempos passados.
11. Não há memória do que é antigo, e nossos descendentes não deixarão memória junto daqueles que virão depois deles.
12. Eu, o Eclesiastes, fui rei de Israel em Jerusalém.
13. Apliquei meu espírito a um estudo atencioso e à sábia observação de tudo que se passa debaixo dos céus: Deus impôs aos homens esta ocupação ingrata.
14. Vi tudo o que se faz debaixo do sol, e eis: tudo vaidade, e vento que passa.
15. O que está curvado não se pode endireitar, e o que falta não se pode calcular.
16. Eu disse comigo mesmo: Eis que amontoei e acumulei mais sabedoria que todos os que me precederam em Jerusalém. Porque meu espírito estudou muito a sabedoria e a ciência,
17. e apliquei o meu espírito ao discernimento da sabedoria, da loucura e da tolice. Mas cheguei à conclusão de que isso é também vento que passa.
18. Porque no acúmulo de sabedoria, acumula-se tristeza, e que aumenta a ciência, aumenta a dor.


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

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