15 junho 2009

Educação a Distância na USP

Faz algum tempo fiz um post sobre EAD na USP. Era uma crítica ao projeto de formar 5000 em pedagogia via EAD no próximo ano. Recebi diversos posts críticos de gente que acredita que o EAD é uma forma de ensino espetacular e que eu sou um filhinho de papai idiota (tenho 36 anos, então essa definição soa meio bizarra), que não quer que a USP seja para todos, para manter meus privilégios, ou coisa pior...

Acho melhor explicar meus argumentos, assim talvez eu consiga ser melhor entendido, afinal, como o resto dos brasileiros, também espero estar num país melhor daqui a 10 anos:

1 - EAD É FERRAMENTA. EAD é como martelo, prego, faca ou carro. Pode ser bom, pode ser positivo, ou pode ser ruim... depende de como é usado.

2 - A USP não é tudo isso.. fiz USP, e posso garantir que o nome da USP existe porque os alunos que lá entram são muito bons, e esses ajudam a manter a universidade como a mais renomada. Os professores são ótimos, mas fazem questão de não dar aulas, chegar atrasados, fazer greve ano sim ano não, exigir conteúdo velho, ter uma visão conteudista do ensino, etc... ... a Biblioteca é ótima, mas se o aluno não for até lá pegar o livro, não vale nada, e hoje, com a WEB, não é necessário uma biblioteca fantástica, pois o que conta é a capacidade de relacionar informação, e não a quantidade de dados.

3 - EAD não faz mágica. Se pego um aluno com formação deficitária (e acreditem-me, eles existem em profusão), e coloco ele num curso on-line, provavelmente vou ter no final um aluno que continua com a formação deficitária, mas que perdeu mais um tempo em um curso que não saberá como aproveitar.

4- Faculdade também não faz milagre... Se pego em Harvard, e coloco um semi-analfabeto na sala de aula, o que terei no final é um semi-analfabeto com diploma.

5 - Para os nossos políticos, vai cair muito bem dizer que criaram um programa que dá diploma para todo mundo, via EAD, mas acredite-me, se a USP mandar um diploma de doutorado para todos os brasileiros, isso não vai fazer que tenhamos 200 milhões de doutores.

6 - O lado triste dessa história é que o mercado vai nivelar por baixo e concluir que todo mundo com esse tipo de diploma é ruim, mesmo que haja alguém bom, exatamente como faz com os diplomas das "Unizero". O coitado que fez esse curso vai ter jogado fora uns dois anos da vida dele...

7 - Existe sim a chance de uma ou outra pesssoa nesse sistema vencer, ser um aluno espetacular, conseguir um bom emprego, e mostrar ao mundo que é um grande profissional. Essa chance também existe para quem cursa "Unizero" e é o lado bom dessa história toda, mas para mim, o engodo à população carente que agora acha que vai ter ensino de qualidade é pior do que os poucos casos em que isso vai ser positivo.

É apenas isso... Quer melhorar o Brasil... ensino básico de qualidade... o resto é firula.

Abs,

Um comentário:

Sabrina Noureddine disse...

Oi Carlos,
Concordo com vc, o EAD é uma ferramenta, mas funciona em cursos específicos.
O ensino universitário, como o próprio nome pretende, é possibilitar um aprendizado universal, uma abertura para todo o horizonte, e o professor é o guia.
Mas certamente é no ensino fundamental que é necessário investir, como é possível refletir e, como vc disse: "a capacidade de relacionar informação..." se muitos chegam às faculdades sem saber interpretar um texto?
Abs.