15 abril 2008

A lógica e o Caso Isabella Nardoni

Pois é... estou como o resto do país, "acompanhando" o caso da Isabella. Não é uma opção voluntária, mas todos os dias, a mídia esfrega uma página e meia do caso, e vinte minutos no mínimo de cada telejornal na minha cara, trazendo um novo furo excepcional, como o "vizinho da rua de baixo acha que o casal brigava" e outras informações pouco relevantes para o caso. Hoje o jornal diz que: "Mãe acusa madrasta e pai de isabela"... vai ler a matéria e a mãe não acusou ninguém (o que seria crime), mas disse que acredita que eles estejam ligados ao acidênte.. Isso é óbvio, eles estavam lá...

Ao contrário da massa, tenho visto esse caso com mais desconfiança sobre os policiais e a mídia, do que sobre os pais, que até onde entendi serão acusados formalmente hoje.

Não quero afirmar que sejam inocentes, e certamente não tenho como afirmar que são culpados, mas tenho visto esse caso como um problema de lógica, e há algo errado com ele.

Vamos a questão... Falta o motivo.

Ok, posso aceitar que a madrasta, ou mesmo o pai, tenha tido um minuto de surto psicótico e tenha estrangulado a menina. Esse "motivo" serve para a madrasta, serve para o pai e serve para qualquer outro morador ou funcionário do prédio.
O que me parece muito improvável é que o Pai (caso tenha sido a mãe que teve o surto), ao ver a cena da menina estrangulada, tenha encontrado como solução algo que se assemelha a outro surto. Lançar a menina da janela. Por que não ligar para o socorro? Por que não levar a menina as pressas para o hospital? Por que não ligar para a polícia e dizer que sua mulher "em surto provocado por remédios" atacou a menina?

O raciocínio é análogo para a madrasta que entra no quarto e encontra o Pai estrangulando a menina.

Assim a explicação da polícia não exige apenas um surto, mas dois, o surto de uma pessoa que estrangulou a menina e o surto da outra pessoa que ao invés de agir, tentando resolver o problema, parte para a solução mais irracional possível... (comportamentos irracionais em conjunto não são impossíveis, como no caso da Daniela Peres, mas qual a semelhança entre esses casos. )

Existe ainda a hipótese que uma única pessoa tenha feito ambas as coisas. Vamos dizer que o Pai tenha estrangulado a menina e em seguida lançado-a pela janela. Por acaso ao ver o seu marido fazer isso sua reação seria bolar uma história para protegê-lo e quando a policia fosse acusando vocês cada vez mais, você iria para a cadeia junto com ele, sem revelar a verdade e deixando seus filhos sem pai e sem mãe?

Além desses fatos, outros seguem aspectos são frágeis:
- O que existe de prova testemunhal é uma discussão. Moro num prédio onde todos os dias a menina briga com a mãe, e posso ouvir isso claramente, mas não sei em que apartamento moram e não acho que isso justifique uma matar a outra.
- A prova que ninguém entrou ou saiu do prédio é o testemunho do porteiro. Imagino que ele seja muito bem treinado na polícia secreta alemã e não seja como o meu porteiro, que está sempre dormindo quando eu chego.
- A mídia havia anunciado diversas vezes que o pai tomou banho após o assassinato. As imagens do supermercado dão a entender outra coisa.
- Certamente há sangue em algumas das minhas roupas, isso não me torna um criminoso.

3 comentários:

Anônimo disse...

De novo?

Fabiana Eisenmann disse...

Tá ficando tão culto que agora usa português arcaico?
Acidênte?

Salomão disse...

Isso não foi cultura.. foi burrice mermo..
Beijo